O Despertar da força feminina em Star Wars

(Contém spoilers) Essa semana fui assistir o episódio VII de Star Wars - O Despertar da Força . Não vou entrar em detalhes do q...


(Contém spoilers)




Essa semana fui assistir o episódio VII de Star Wars - O Despertar da Força. Não vou entrar em detalhes do quão maravilhoso foi estar na pré-estréia da continuação de uma saga que apesar de eu ser fã, nunca imaginei que iria assistir conteúdo novo no cinema. O motivo de eu estar escrevendo sobre o filme é outro: os novos protagonistas – para ser mais exata, a Rey, que não é par romântico, coadjuvante ou menos que ninguém ali na tela. É a representação da figura feminina ganhando espaço no universo criado por George Lucas. E que espaço merecido!

Num ano de Viola Davis vencendo o Emmy, Imperatriz Furiosa roubando a cena em Mad Max e Jessica Jones lutando contra seu relacionamento abusivo no Netflix, pensei que ~ok, 2015 avançou um pouco na representação da mulher no cinema e TV~. Mas fui surpreendida com Star Wars, porque eu estava com medo de como retratariam essa nova personagem feminina na saga. Adoro a Princesa Leia e adoro a Padmé, mas como mulher e fã, tenho que ser sincera e dizer que ambas caíram em estereótipos durante os filmes – a Leia nem tanto porque para a década de 70, uma personagem como ela já era bastante ousada; e posteriormente, nesse novo filme, ela se tornou General Organa (explodi de felicidade quando a chamaram assim). Sabendo disso, é compreensível o medo que eu tinha de que a Rey fosse cair no clichê Padmé, por exemplo. E eu não podia estar mais enganada. O filme funcionou quase 100%, e a Rey fez parte disso. Com pouco tempo de longa dava pra saber que as suspeitas de tantos debates na internet (de que a Rey seria uma Jedi) eram reais. Ainda bem.

Não é a primeira vez que uma mulher jedi aparece na saga, mas todas foram mostradas tão rapidamente que muita gente ainda pensava que elas não existiam. Um grande acerto de JJ Abrams, que soube aproveitar o momento de discussões sobre o sexismo no ambiente nerd e incluir uma personagem forte e não-sexualizada protagonizando um GIGANTESCO clássico cinematográfico. Rey é uma guerreira: catadora de lixo que cuida de si mesma sozinha, extremamente inteligente, dá uma surra em quem aparecer no caminho e prefere tomar a iniciativa quando poderia ficar esperando por seu resgate. 

Ela não precisa ser resgatada, acho que foi o que mais me cativou na personagem (e a ótima interpretação da Daisy Ridley). Desde o início, quando ela conhece o Finn, deixa bem claro que não precisa de alguém segurando sua mão ou dando cobertura, ela sabe que é capaz - de dar uma surra em uns grandões ou até pilotar a icônica Millenium Falcon. No único momento em que Finn, Han Solo e Chewbacca realmente se movem para resgatá-la, Rey aparece dando conta do recado e providenciando sua saída sozinha. E é maravilhoso como permitiram que ela brilhasse na tela: lutas solo com capangas e até com o Kylo Ren; resolvendo problemas mecânicos na nave; pilotando como se tivesse nascido para aquilo e até em momentos mais dramáticos, como o seu sofrimento com a morte de um personagem ou o abraço dado na General Organa.


A descoberta da Força aos poucos é também deliciosa de assistir. O autocontrole, a inteligência e a garra da personagem transparecem. Nesses momentos me perguntei como outras mulheres (especialmente as mais novas) que também amam cultura nerd estavam se sentindo. Não consigo lembrar de cabeça alguma saga cinematográfica de grande sucesso que tenha incluído uma mulher dessa forma. Me senti incluída, representada e confortável, depois de tanto tempo aguardando isso nas histórias que amo. O Senhor dos Anéis (pouca representatividade feminina na trama principal) e Harry Potter (amo a Hermione, mas ela infelizmente não foi a protagonista) não conseguiram me deixar confortável da forma como Star Wars permitiu com esse episódio VII. Bateu até aquela pontinha de esperança de que são novos tempos e que a tendência é melhorar. O cenário das grandes produções pode estar mudando para atender, finalmente, a demanda gigantesca de mulheres que as consomem.

Por fim, gostaria de dizer que achei a Rey a personagem crua mais preparada que já vi.

Saí da sala de cinema extasiada não só pelo filme, mas principalmente pela protagonização (uma mulher e um cara negro), provando que representatividade é peça-chave pro sucesso daqui pra frente - esse foi só o boas-vindas. Mal vejo a hora de assistir o próximo filme, agora que a força também está com nós, mulheres.

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4 comentários

  1. Não sei nada dessa saga, mas, depois disso tudo que li aqui, deu ate vontade de ir ao cinema só pra ver essa personagem...

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    1. Pensei que você já tinha visto porque foi, literalmente, da sua época KKKKKKKKK brincadeira

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  2. [nayane aqui]
    Eu e mozao finalmente assistimos ontem (tava guardando seu texto pra ler só depois de assistir, pq claro aushuahs). Tô até agora sem saber o que dizer, só sentir. Muuuuito bom o filme, a gente se sentiu bem realizada com a Rey tbm. Confesso que fui assistir com bastante receio, com medo de cagarem a personagem, mas nossa: reali-zada. AHSUHAUSH Fantástica a personagem. Aquele momento que a gente percebe como é difícil encontrar personagens femininas interessantes. Quando tem uma, ficamos loucas de amores <3
    A personagem da Lupita é ótima <3 (apesar de ter aparecido pouco, é uma personagem de peso)
    General Organa <3 <3 <3
    O abraço delas duas <3 <3 <3
    E muitas outras cenas, nem sei o que falar, apenas sentir aushusa.
    Enfim, muita coisa pra comentar do filme, já quero assistir de novo inclusive

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    1. Miga concordo com tudo que você disse, me senti da mesma forma!!! Assisti ao filme 2x e tive as mesmas sensações! Já quero ver de novo tbm <3

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